Antes, designada por freguesia do Divino Espírito Santo de Lamas, o seu nome advirá com toda a probabilidade das características geomorfologicas do seu terreno, sendo que o seu solo é constituído pela chamada terra do “barro”.
A antiga freguesia do Divino Espírito Santo de Lamas manteve-se anexada a de Miranda durante largos anos, sendo um curato da apresentação do pároco desta, sendo a desanexação consequência da perda do senhorio de Miranda por parte da família Coelhos, que se inclinou para o lado errado (neste caso, de D. Beatriz e os Castelhanos), aquando da crise de 1383-85.
Contudo, o primeiro livro de assentos da freguesia data 1561 e só no século XIX passou oficialmente a ter vida própria.
A história da freguesia, tal como a do concelho está marcada pelas invasões francesas, altura em que a igreja foi saqueada e incendiada, apesar de ter sido construída alguns anos antes, na sequência da ampliação de uma pequena capela.
Actualmente, a Igreja possui três retábulos do século XIX, e duas esculturas muito interessantes: uma delas, renascentista, representa Nossa Senhora do Rosário com o Menino a brincar com uma ave, enquanto a outra representa a Santíssima Trindade, uma obra de transição dos séculos XVI-XVII.
Alguns lugares da Freguesia forma queimados pelos soldados franceses em 1811 na terceira invasão.
Na sua fuga precipitada e após a batalha da Redinha, os franceses tentaram alcançar Coimbra que entretanto havia sido tomada pelas tropas anglo-lusas.
Foi então que entraram no concelho de Miranda do Corvo, pela freguesia de Lamas, na tentativa de alcançar Foz de Arouce e a Estrada da Beira.
Por onde passavam faziam os maiores estragos, roubando e queimando tudo.
O povo viveu momentos difíceis ao saberem o que se estava a passar nos lugares vizinhos. Alguns mais arrojados vieram ver e, encontrando tudo queimado, prepararam a resistência no lugar da Azenha. Mas quando os invasores chegaram já não fizeram mal algum de exaustos que estavam. Depois deles passarem vieram em sua perseguição atravessando a Horta do Rei e descendo a quelha do Vale do Grô saíram-lhe à frente, e os soldados franceses já sem forças, cheios de fome e sem dormir, renderam-se logo. Houve um ou dois que tentaram fugir mas ao chegarema a Urzelhe já o povo estava à espera.
Em Julho de 1953 ao abrir-se a estrada de Urzelhe para os Casais, ao Cimo da Quelha do Celeiro, foram encontradas as ossadas de pelo menos de um dos soldados cuja identificação foi feita pelos botões da farda, de metal amarelo e com a letra F. Depois de vistoriadas pelas autoridades competentes foram levados para o cemitério de Lamas.
TESOURO DE CHÃO DE LAMAS
É possível que só raros mirandenses saibam da existência destas preciosidades guardadas, com o cuidado devido, no museu arqueológico da capital da nação vizinha e estudadas com proficiência e citadas muitas vezes nos estudos eruditos de alguns arqueólogos e etnógrafos de além fronteiras. Pois é mesmo assim: o tesouro de Chão de Lamas, conjunto de peças de prata lavrada e fundida que, sem saber como, foi parar à capital espanhola, exposto há quase 30 anos numa exposição de ourivesaria, promovida pela Sociedade Espanhola dos Amigos da Arte e quase ignorado em Portugal.
Sabe-se que houve um português “ilustre” e “entusiasta hispanófilo” (segundo informa um arqueólogo espanhol) que “ante el sentimiento patriótico que le produjo la impossibilidad de momento de adquirirlo su nacion, com tal que quedase en la Peninsula, preferió figurase en un Museo de España, mejor que emigrára a outro extranjero…”
Assim foi que o Estado Espanhol comprou para o dito museu essas ricas peças que o governo português abandonou por falta de dinheiro e que o entusiasta hispanófilo vendeu levado por sentimento patriótico…
As peças de que se compõe o tesouro são seis: um colar (torque) completo; um fragmento de outro; duas lunelas ou peitorais, uma de prata batida ou fundida; dois vasos lavrados e um umbo ou umbigo de escudo de guerra ou seja o seu ornamento central com ornatos de ouro ou de prata muito dourada. Pertencem todas elas a certa classe já elevada da arte de ourivesaria de que tanto se pode orgulhar a Península nos períodos proto-históricos mas que deixam ao mesmo tempo certas dúvidas pelo seu exotismo que foge um pouco às regras estabelecidas pelos estudiosos na evolução da mesma arte e podem admitir influências provocadas ou por meio de relações de ordem comercial ou ainda pela movimentação de povos antes do período mais ou menos conhecido da sua fixação.
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